Petar - Parque Estadual Turístico do Alto do Ribeira


Labirintos de Cavernas no maior remanescente de Mata Atlântica do Brasil

Onde Fica: Extremo sul do Estado de São Paulo, a 320km da capital, entre as cidades de Iporanga e Apiaí.
O que fazer: Espeleologia, Cascading, Bóia-Cross e Caminhada.
Nível: Fácil para Moderado 
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Caderno de Viagem
O Petar, Parque Estadual Turístico do Alto do Ribeira, é um paraíso de cavernas escondidas sob um dos maiores remanescentes da Mata Atlântica do Brasil. Sem dúvida um dos melhores passeios ecoturísticos do país. Ainda assim, precisa-se tomar cuidado para que a visitação excessiva não cause impactos negativos ao frágil ecossistema de suas cavernas e florestas.


FNo carnaval de 2012 ficamos alojados no camping do Benjamim, diária de 14 reais por pessoa. Todos os passeios no parque exigem a presença de guia - tanto por segurança quanto por preservação, transmissão de conhecimento e apoio às comunidades locais. É só você entrar em contato com uma agência local e fechar um pacote de passeios. Escolhemos um pacote de 4 dias que ficou em torno de R$ 205,00 por pessoa, com o seguinte roteiro:

Dia 1: Núcleo Santana: Caverna Santana, Caverna Morro Preto, Caverna Couto, Cachoeira Couto e piscina natural do rio Betary.
Dia 2: Núcleo Santana: Trilha do Betary, Cachoeira Andorinhas, Beija Flor, Caverna Cafezal e Caverna Água Suja.
Dia 3: Núcleo Ouro Grosso: Caverna Ouro Grosso, Cachoeira Arapongas (cascading/rappel opcional), boia cross.
Dia 4: Núcleo Ouro Grosso; Caverna Alambari de Baixo, Cachoeira Sem Fim.
Dia 1


Começamos a conhecer as cavernas e atrativos do Petar pelo núcleo Santana, especificamente pela Caverna Santana, a mais visitada. A caverna é imensa - possui mais de 13 km conhecidos, mas apenas uma pequena parte é aberta para turismo. Sua visitação leva em torno de 2h30. Vários salões de estalactites e estalagmites, e muitas histórias. Num determinado ponto da caverna há um pequeno buraco onde só se consegue entrar rastejando de frente por um corredor estreito; ao final desse corredor se chega a uma parede onde está escrita uma frase secreta que é capaz de mudar a vida das pessoas. Mas todos que ali entram devem fazer um juramento de guardar segredo sobre o que leram - portanto, não posso compartilhar com vocês.





Segunda caverna do dia - Morro Preto. Seu pórtico é imenso e grandioso. A parte turística é bem limitada; podemos conhecer apenas seu primeiro salão. Ainda assim, vale a pena muito a pena ficar um tempo ali admirando em silêncio esse design natural impressionate.
Ao seu lado desce a Cachoeira Couto. Uma caverna começa em uma pequena entrada ao lado dassa cachoeira. Dentro dela precisamos atravessar as águas que logo depois escapam para fora da caverna formando a cachoeira. Seu percurso também é rápido, em menos de meia hora já avistamos a luz no fim do túnel na sua também bela saída.
Dia 2
Começamos o segundo dia pela Cachoeira das Arapongas. Ela possui 65m de altura e nela pode-se fazer um cascading (rappel). Geralmente o rappel está fora do pacote, e antes de viajarmos decidimos não fazê-lo. O problema é que quando a gente chega lá e olha aquele paredão e aquela cachoeira maravilhosa cortando a Mata Atlântica... impossível não encarar. A descida passa por três estágios de rappel. O primeiro estágio é a descida na rocha, onde vamos apoiando os pés no paredão liso; o segundo, entra-se debaixo da cachoeira, recebendo uma pancada de água em nossos capacetes; por fim o vão livre, onde descemos sem nenhum apoio para os pés, apenas pendurados. Uma das experiência mais íntimas com a força da natureza que um esporte pode proporcionar; sentimento de imensidão e fragilidade ao mesmo tempo. A visão lá do alto é linda e a descida emocionante.


O segundo desafio do dia foi a Caverna do Ouro Grosso. Essa caverna é uma das mais divertidas de todas. A entrada muito estreita - não tanto quanto à do buraco do segredo - mas com muita umidade e ventilação. Seguindo o curso dágua dentro da caverna chegamos a uma cachoeira. Antes de alcançá-la e ficar debaixo de sua queda deve-se cruzar um pequeno poço profundo. Entramos na suas águas geladas e curtimos a queda dágua em plena escuridão, com nossos capacetes apagados.
Para terminar o dia, partimos para a Cachoeira Sem Fim. O lugar é muito bonito, com três cachoeiras na sequencia. O único problema é que estava bem cheio de turistas, daqueles farofeiros mesmo, fazendo churrasco e ouvindo som alto. Um contraste -talvez por ser essa uma área de fácil acesso. De qualquer indicamos conhecer sim, pois na segunda cachoeira há um lugar onde é possível saltar de uma altura de 4 a 5m.


Dia 3
Esse era um dos dias mais esperados, onde conheceríamos a cachoeira Andorinhas e Beija-flor, uma das mais belas que existem. O caminho é um pouco mais longo, 3.6km na mata e e algumas vezes por dentro do raso e rochoso Rio Betarí; nada muito complicado para pessoas já acostumadas ao ecoturismo. Durante o percurso atravessamos o rio cinco vezes. É preciso se acostumar com os pés molhados o tempo inteiro. A mata é impactante; cheia de cheiros (como o Pau Dàlho), cores (como as flores das Bromélias) e sons (como o ruído de uma Jararaca à cruzar um monte de folhas no chão). Essa é umas das poucas Florestas Atlânticas que não possuiu ação antrópica anteriormente. Próximo às cachoeiras, o primeiro espetáculo: uma revoada de andorinhões cruzaram o nosso caminho a poucos metros de nossas cabeças, seguindo o rio, fazendo juz ao nome da cachoeira.Esta desce forte no meio de dois rochedos. É proibido nadar para baixo de sua queda, pois sabe-se ali um buraco fundo formando um redemoinho que já matou algumas pessoas. Seguindo a trilha um pouco adiante encontra-se a igualmente bela Cachoeira do Beija-flor, que também desaba fortemente. Nela é possível entrar nas suas águas geladas, um banho revigorante embaixo de sua segunda queda.




Na volta dessas cachoeiras paramos exploramos duas cavernas no caminho. A primeira foi a Cafezal, que tem enormes salões e abismos. A segunda foi a caverna Água Suja onde atravessamos alguns caminhos apertados e com muita água até chegarmos a um salão no qual apagamos as luzes e pudemos ver um linda claraboia no alto da caverna com grandes estalactites; parecia uma igreja gótica formada pela ação do tempo.

De volta, resolvemos adiantar o bóia cross para pegarmos a estrada no dia seguinte mais cedo. Descemos o rio Betarí por aproximadamente 50min montados em bóias de pneu de caminhão. O rio ali é raso e suas corredeiras velozes em grande parte do percurso. Ótimo para se refrescar e dar muitas risadas, após um dia inteiro de caminhada escorregadia.

Dia 4
Último dia. Foi um dia mais leve,  apenas uma caverna - a Alambari de Baixo. Para chegar nela andamos por volta de 2km numa pequena estrada de terra. Do pórtico da caverna já se pode sentir uma corrente de ar gelada - ar condicionado natural - vindo da corrente de água no interior da caverna. Entramos e aos poucos a profundidade dessa corrente de água vai aumentando. No meio do caminho uma obstáculo natural inesperado: uma Aranha Armadeira bem na pequena abertura pela qual deveríamos passar com apenas nossas cabeças para fora dágua. Uma picada dessa aranha nessa região superior do corpo pode ser mortal em poucas horas. Precisamos mudar o percurso e dar uma volta bem maior por cima de uma rocha para seguir em frente. Pouco depois entramos num túnel apertado com água até o pescoço. Caminhamos alguns metros naquele que é um dos lugares mais divertidos do parque, mas tivemos que parar antes de encontrar a saída da caverna, pois a água estava muito alta e dali para frente só mergulhando na escuridão de suas águas geladas. Por precaução tivemos que voltar, encerrando esses 4 dias de muito contato com a natureza, que com certeza nos deixou muitas saudades.


Considerações







Já esperávamos muito do Petar e ainda assim ele conseguiu nos surpreender e superar nossas expectativas. Suas matas, cavernas e cachoeiras muito preservados são um resumo de todo o esplendor que uma Mata Atlântica pode possuir. Com certeza um lugar para se visitar novamente e conhecer seus outros atrativos de mais difícil acesso, como por exemplo o núcleo Caboclos ou a Casa de Pedra. Quanto à infra-estrutura, o parque é muito organizado e mesmo estando movimentado por causa do feriado do Carnaval, não tivemos grandes problemas com os outros turistas. Fica apenas a preocupação de que o parque consiga se organizar de forma a minimizar os impactos do crescente turismo e usar sua renda a favor da preservação da natureza e das comunidades locais.




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Sobre o autor: Família, amigos, florestas, montanhas, praias, bichos, música, aventura, antropologia, história, ciência, literatura, audiovisual e, lá no fundo, talvez o João. ProjetoEntreSerras

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